terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Noel Rosa




Noel Rosa nasceu de um parto muito difícil, que incluiu o uso de fórceps pelo médico obstetra, como medida para salvar as vidas da mãe e bebê. Além disso, nasceu com hipoplasia (desenvolvimento limitado) da mandíbula o que lhe marcou as feições por toda a vida e destacou sua fisionomia bastante particular.



Criado no bairro carioca de Vila Isabel, primeiro filho do comerciante Manuel Garcia de Medeiros Rosa e da professora Martha de Medeiros Rosa, Noel era de família de classe média, tendo estudado no tradicional Colégio São Bento.
Em 1929, Noel arriscou as suas primeiras composições, Minha Viola e Festa no Céu, ambas gravadas por ele mesmo. Mas foi em 1930 que o sucesso chegou, com o lançamento de Com que roupa?, um samba bem-humorado que sobreviveu décadas e hoje é um clássico do cancioneiro brasileiro.
Desde muito cedo, o aspecto franzino de Noel foi motivo de preocupação de sua mãe, dona Marta. Ela não gostava das escapulidas do filho, exigindo-lhe que voltasse cedo para casa. Certa vez, escondeu todas as suas roupas, ao saber que ele sairia num sábado. Os seus amigos, ao chegarem para apanhá-lo, ouviram de um confuso Noel: “Com que roupa?” A situação inusitada virou samba e sucesso no carnaval de 1931.
Casou-se em 1934 com uma moça da alta sociedade, Lindaura, mas era apaixonado mesmo por Ceci(Juraci Correia de Araújo), a prostituta do cabaré, sua amante de longa data. Era tão apaixonado por ela, que ele escreveu e fez sucesso com a música "Dama do Cabaré", inspirada em Ceci, que mesmo na vida fácil, era uma dama ao se vestir e ao se comportar com os homens, e o deixou totalmente enlouquecido pela sua beleza. 
Foram anos de caso com ela, eles se encontravam no cabaré a noite e passeavam juntos, bebiam, fumavam, andavam principalmente pelo bairro carioca da Lapa, onde se localizava o cabaré. Ele dava-lhe presentes, joias, perfumes e ela o compensava com noites inesquecíveis de amor.
Noel passou os anos seguintes travando uma batalha contra a tuberculose. A vida boêmia, porém, nunca deixou de ser um atrativo irresistível para o artista, que entre viagens para cidades mais altas em função do clima mais puro, sempre voltava para o samba, à bebida e o cigarro, nas noites cariocas, cercado de muitas mulheres, a maioria, suas amantes. Mudou-se com a esposa para Belo Horizonte, lá, Lindaura engravidou, mas sofreu um aborto, e não pôde mais ter filhos, por isso Noel não foi pai. Da capital mineira, escreveu ao seu médico, Dr. Graça Melo: “Já apresento melhoras/Pois levanto muito cedo/E deitar às nove horas/Para mim é um brinquedo/A injeção me tortura/E muito medo me mete/Mas minha temperatura/Não passa de trinta e sete/Creio que fiz muito mal/Em desprezar o cigarro/Pois não há material/Para o exame de escarro".

 De volta ao Rio, jurou estar curado, mas faleceu em sua casa no bairro de Vila Isabel no ano de 1937, aos 26 anos, em consequência da doença que o perseguia desde sempre. Deixou sua esposa viúva e desesperada. Lindaura, sua mulher, e Dona Martha, sua mãe, cuidaram de Noel até o fim. Encontra-se sepultado no Cemitério do Caju no Rio de Janeiro.

Uma das músicas mais gravadas e famosa de Noel Rosa foi “Conversa de Botequim”.
 Noel fez a letra em música de Vadico (Osvaldo Gogliano);

Noel formou com o músico paulista uma das mais profícuas parcerias com músicas antológicas como "Feitio de Oração", "Feitiço da Vila", "Pra que mentir", "Só pode ser você", "Quantos beijos", "Cem mil Réis", além de "Conversa de Botequim" e muitas outras.

Noel conseguiu com fina ironia e muita sensibilidade retratar em versos e músicas as principais características populares do Rio de Janeiro do início do século passado. 

Largou o curso de medicina para se dedicar à música.   "Conversa de Botequim" é exemplo de malandros da época que "conseguiam" quase tudo com muita conversa fiada.




Noel fazia tanto letras como músicas; foi sem dúvida o compositor brasileiro mais fértil ao retratar a sociedade brasileira dos anos 20 e 30;





Um comentário:

  1. Quem nasce lá na Vila
    Nem sequer vacila
    Ao abraçar o samba
    Que faz dançar os galhos do arvoredo
    E faz a lua nascer mais cedo


    Noel é demais.

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