Noel
Rosa nasceu de um parto muito difícil, que incluiu o uso de fórceps pelo
médico obstetra, como medida para salvar as vidas da mãe e bebê. Além disso,
nasceu com hipoplasia
(desenvolvimento limitado) da mandíbula o que lhe marcou as feições por toda a
vida e destacou sua fisionomia bastante particular.
Criado no bairro carioca de Vila Isabel, primeiro filho do comerciante Manuel Garcia de
Medeiros Rosa e da professora Martha de Medeiros Rosa, Noel era de família de
classe média, tendo estudado no tradicional Colégio São Bento.
Em 1929, Noel arriscou as suas
primeiras composições, Minha Viola e Festa no Céu, ambas
gravadas por ele mesmo. Mas foi em 1930 que o sucesso chegou, com o lançamento
de Com que roupa?, um samba bem-humorado que sobreviveu décadas e hoje é
um clássico do cancioneiro brasileiro.
Desde muito cedo, o aspecto
franzino de Noel foi motivo de preocupação de sua mãe, dona Marta. Ela não
gostava das escapulidas do filho, exigindo-lhe que voltasse cedo para casa.
Certa vez, escondeu todas as suas roupas, ao saber que ele sairia num sábado.
Os seus amigos, ao chegarem para apanhá-lo, ouviram de um confuso Noel: “Com
que roupa?” A situação inusitada virou samba e sucesso no carnaval de 1931.
Casou-se em 1934 com
uma moça da alta sociedade, Lindaura, mas era apaixonado mesmo por Ceci(Juraci
Correia de Araújo), a prostituta do cabaré, sua amante de longa data. Era tão
apaixonado por ela, que ele escreveu e fez sucesso com a música "Dama do
Cabaré", inspirada em Ceci, que mesmo na vida fácil, era uma dama ao se
vestir e ao se comportar com os homens, e o deixou totalmente enlouquecido pela
sua beleza.
Foram anos de caso com ela, eles se encontravam no cabaré a noite e
passeavam juntos, bebiam, fumavam, andavam principalmente pelo bairro carioca
da Lapa, onde se localizava o cabaré. Ele
dava-lhe presentes, joias, perfumes e ela o compensava com noites inesquecíveis
de amor.
Noel passou os anos seguintes travando
uma batalha contra a tuberculose. A vida
boêmia, porém, nunca deixou de ser um atrativo irresistível para o artista, que
entre viagens para cidades mais altas em função do clima mais puro, sempre
voltava para o samba, à bebida e o cigarro, nas noites cariocas, cercado de
muitas mulheres, a maioria, suas amantes. Mudou-se com a esposa para Belo Horizonte, lá, Lindaura engravidou,
mas sofreu um aborto, e não pôde mais ter filhos, por
isso Noel não foi pai. Da capital mineira, escreveu ao seu médico, Dr. Graça
Melo: “Já apresento melhoras/Pois levanto muito cedo/E deitar às nove
horas/Para mim é um brinquedo/A injeção me tortura/E muito medo me mete/Mas
minha temperatura/Não passa de trinta e sete/Creio que fiz muito mal/Em
desprezar o cigarro/Pois não há material/Para o exame de escarro".
De volta ao Rio, jurou estar
curado, mas faleceu em sua casa no bairro de Vila Isabel no ano de 1937, aos 26
anos, em consequência da doença que o perseguia desde sempre. Deixou sua esposa
viúva e desesperada. Lindaura, sua mulher, e Dona Martha, sua mãe, cuidaram de
Noel até o fim. Encontra-se sepultado no Cemitério do Caju no Rio de Janeiro.
Uma das músicas mais gravadas e famosa de Noel Rosa foi “Conversa de
Botequim”.
Noel fez a letra em música de Vadico (Osvaldo Gogliano);
Noel formou com o músico paulista uma das mais profícuas
parcerias com músicas antológicas como "Feitio de Oração",
"Feitiço da Vila", "Pra que mentir", "Só pode ser
você", "Quantos beijos", "Cem mil Réis", além de
"Conversa de Botequim" e muitas outras.
Noel conseguiu com fina ironia e muita sensibilidade retratar em versos
e músicas as principais características populares do Rio de Janeiro do início
do século passado.
Largou o curso de medicina para se dedicar à música.
"Conversa de Botequim" é exemplo de malandros
da época que "conseguiam" quase tudo com muita conversa fiada.
Noel fazia tanto letras como músicas; foi sem dúvida o compositor
brasileiro mais fértil ao retratar a sociedade brasileira dos anos 20 e 30;
Quem nasce lá na Vila
ResponderExcluirNem sequer vacila
Ao abraçar o samba
Que faz dançar os galhos do arvoredo
E faz a lua nascer mais cedo
Noel é demais.